PlataData | Novas perspectivas no uso de canabinoides em pacientes com ideação suicida

Estudo recente lança novas luzes sobre essa questão complexa e sugere que a abordagem com cannabis pode não ser sempre prejudicial
PLATADATA

Suicidal Ideation in Medicinal Cannabis Patients: A 12-Month Prospective Study
M. T. Lynskey, H. Thurgur, A. Athanasiou-Fragkouli, A. K. Schlag e D. J. Nutt


uso de canabinoides por pessoas com ideação suicida é frequentemente visto com cautela e, em muitos casos, descartado como uma opção viável de tratamento. Tradicionalmente, o manejo terapêutico dessas substâncias é evitado, devido a preocupações relacionadas ao impacto potencial na saúde mental desses indivíduos.

No entanto, um estudo recente publicado em julho de 2024 lança novas luzes sobre essa questão complexa e sugere que essa abordagem pode não ser sempre prejudicial.

Utilizando um banco de dados de pacientes, a pesquisa focou em dados do mundo real, registrando o tratamento com uma variedade de produtos canabinoides, incluindo extratos e flores com diferentes concentrações de CBD e THC.

Para serem elegíveis para o tratamento, os pacientes deveriam ter falhado em pelo menos dois tratamentos anteriores para a mesma condição.

Entre os resultados, destaca-se que cerca de 24% dos participantes relataram ideação suicida antes do início do tratamento com canabinoides. Esses pacientes apresentavam níveis elevados de humor deprimido, distúrbios do sono, e piores condições de saúde em geral, além de uma qualidade de vida inferior.

Foram registradas 50 condições de saúde pelas quais houve a prescrição de canabinoides. Entre estas: ansiedade, dor crônica, esclerose múltipla, estresse pós-traumático, transtorno por uso de substâncias, síndrome de Tourette, epilepsia, endometriose, entre outras. 

O estudo revelou que, após três meses de tratamento, a prevalência de ideação suicida entre os participantes caiu de 24% para 17,6%. Isso sugere que, para alguns indivíduos, os canabinoides podem ter um papel positivo na redução da ideação suicida.

Notavelmente, a pesquisa também identificou que a ideação suicida era mais comum entre pessoas não binárias e jovens adultos (18 a 31 anos) que buscaram tratamento para condições psiquiátricas.

Apesar da complexidade e das variáveis envolvidas, os autores do estudo recomendam que futuras pesquisas não excluam automaticamente pacientes com ideação suicida do tratamento com canabinoides.

Dados como esses apontam que é possível que haja um tratamento promissor com canabinoides para humores deprimidos e ideação suicida, oferecendo uma nova perspectiva para pacientes que lutam com essas condições.

renato filev

kya mesquita

maconhometro
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